Mostra de decoração une história à modernidade em palacete no Rio

04/10/2011 17:22

 

Muita gente passa pela Rua São Clemente, em Botafogo, Zona Sul do Rio, todos os dias e nem repara que na esquina com a Rua Dona Mariana fica um casarão construído no século XIX. Mas, a partir de terça-feira (4), o lugar não vai passar tão despercebido assim. O palacete Linneo de Paula Machado ganhou um banho de loja, pintura e jardinagem, e abrigará até dia 16 de novembro a Casa Cor Rio, mostra de decoração e arquitetura que reúne os principais arquitetos e paisagistas do Brasil elaborando 54 ambientes.

Palacete recebeu reforma para abrigar mostra de arquitetura (Foto: Rodrigo Azevedo/Divulgação)

 

O estilo renascentista francês da casa se mistura com móveis modernos, ideias revolucionárias e práticas da mostra, como no quarto para as crianças, executado por Juliana Neves de Castro, Luciana Nasajon e Mabel Gaham Bell.

Aproveitando o pé direito altíssimo típico dos casarões antigos, as arquitetas dividiram o espaço em três, incluindo aí um mezanino. A criatividade fica por conta da iluminação. Um quebra-cabeça pendurado no teto ilumina o ambiente.

 

Quarto para crianças: móveis ajustáveis ao tamanho dos filhos (Foto: Rodrigo Azevedo/Divulgação)
 
“Todos os móveis principais, como camas, mesas e nichos em marcenaria podem ser adaptados na adolescência”, explicou Juliana, que promove no espaço a campanha Doe um bom brinquedo, convocando os visitantes da feira a depositarem um brinquedo em um grande pufe de acrílico. As arquitetas vão doar os brinquedos para uma instituição de caridade.
 
A casa tem 2 mil m² de área construída e mais de 6 mil m² de jardins. O palacete é tombado pelo Inepac desde 2006 e foi restaurado pela Casa Cor. Após o evento, o imóvel funcionará como um centro de cultura, design e moda da Firjan.
 
“A cidade está cheia de expectativa pelos eventos que virão e o que eles deixarão para o Rio. Há euforia, modernidade, investimento. A mostra deste ano quer refletir isso: a possibilidade de um futuro brilhante. Mas, para isso, precisamos valorizar, recuperar e trazer de volta os ícones da nossa história”, afirmou Patrícia Mayer, que é uma das organizadoras da Casa Cor, junto com Patrícia Quentel.
 
Automação
À antiguidade do palacete, os arquitetos responsáveis pelos ambientes aliaram modernidade. É o que mostram os arquitetos Isabela Augusto de Lima e João Meirelles, no quarto do rapaz. Quem quer que fosse morar ali poderia com um toque no ipad mudar o tipo de iluminação no ambiente, ligar e desligar o som e abrir e fechar portas. Ou na sala de música, em que o antigo vinil funciona num equipamento alemão em que o disco parece flutuar. E para quem gosta de natureza, ela também ganha toques de modernidade na sala de piquenique, onde há reprodução de sons de passarinhos mixados. Esta sala vem com uma estrutura megalomaníaca. Um guindaste faz o suporte do teto do local, no jardim.
 
Cozinha gourmet: azulejos originais com modernidades (Foto: Rodrigo Azevedo/Divulgação)
 
Para quem gosta de cozinhar (ou de comer) a Casa Cor é um prato cheio. Há diversos ambientes dedicados à atividade, como a cozinha gourmet dos arquitetos Andrea Duarte e Guilherme Osborne. O ambiente tem tudo que um chefe precisa ao alcance das mãos. “Não é a cozinha da família, mas um espaço de experiências de um chef de cuisine”, definiu Andrea. Parte da parede é decorada com azulejos art nouveau originais. Para os bons boêmios, também não faltam opções: a champanheria – com um balcão de seis metros e oito banquetas, além de sofás e poltronas - e a adega de vinhos.
 
“É um espaço introspectivo para degustação, como uma ‘caverna individual’ para encontros intimistas entre o apreciador e o vinho”, explicou o arquiteto Carlos Murdoch. Uma estante que serpenteia até o teto é o grande diferencial do espaço. “Optamos por contrastar o passado com a possibilidade de futuro, ambos em suave contradição e equilíbrio. Um acentuando o outro”, disse.
 
Adega de vinhos pretende recriar o ambiente das cavernas (Foto: Rodrigo Azevedo/Divulgação)
 
Economia
A Casa Cor Rio prevê uma movimentação de cerca de R$ 16,8 milhões durante os meses de produção e realização do evento. Só o investimento dos arquitetos na montagem dos ambientes deve ultrapassar R$ 6 milhões. A mostra vai para sua 21º edição em 2011. A primeira foi organizada na residência de Lourdes e Álvaro Catão, na Urca, também na Zona Sul. Desde lá, o evento já passou por bairros das zonas Sul e Oeste da cidade, como Gávea, Botafogo, São Conrado, Leblon e Barra da Tijuca.
 
A mostra será aberta ao público no dia 4 de outubro, com ingressos a R$ 35 (de terça à sexta-feira) e R$ 40 (aos sábados, domingos e feriados). O horário de visitação é de 12h às 22h. Estudantes com carteira e idosos pagam meia entrada.
 
 
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