Janet Echelman - Levando a imaginação a sério

14/11/2011 15:46

Janet Echelman nunca estudou escultura, engenharia ou arquitetura. Pintava há 10 anos quando a ofereceram uma bolsa Fullbright para a Índia. Com data marcada para expor suas pinturas, viajou para Mahabalipuram mas suas tintas não chegaram e ela teve que inventar, às pressas, algum material para a exposição. Ao caminhar, observando pescadores e suas redes de pesca, teve a grande idéia: construir formas permanentes, ondulatórias e volumosas sem usar materiais sólidos, revelando, assim, as ondas dos ventos.

A primeira escultura foi feita com a ajuda dos pescadores. Continuou estudando técnicas artesanais pois se interessava pelos detalhes, mas a vontade de fazer esculturas maiores fez com que desenvolvesse técnicas mais sofisticadas, para tornar as esculturas viáveis.
 
O urbanista Manuel Sola-Morales viu uma de suas primeiras esculturas exposta numa praça em Madri e ficou fascinado. Na época, estava redesenhando a orla marítima de Porto, em Portugal, e perguntou à Janete se ela poderia fazer desta escultura uma obra permanente na cidade portuguesa. Ela aceitou o desafio e, durante dois anos, procurou uma fibra que resistisse aos raios ultravioletas, à maresia e à poluição, sem abrir mão da flexibilidade e da fluidez.


O anel de 20 toneladas que sustenta a escultura deveria se mover com o vento e ser, ao mesmo tempo, resistente a furacões. O impasse desta vez estava na falta de um software que moldasse algo poroso e flexível. Então, o engenheiro Peter Heppel entra em cena, na busca pela forma precisa e de movimento suave.

Outro impasse: os nós, feitos à mão, jamais resistiriam a um furacão. Janet desenvonveu uma relação com uma fábrica de redes de pesca para que os nós fossem feitos industrialmente. Três anos depois, foi erguida a rede de 4.645 m².
 
O espaço escolhido para o próximo trabalho foi uma praça na Filadélfia. Desta vez, o material deveria ser mais leve que a rede, e foi aí que surgiu a ideia de utilizar partículas de água atomizadas. O resultado é uma névoa seca que pode ser moldada com o vento. Ao descobrir que pessoas também podem moldar a névoa sem se molhar, Janet propõe a utilização este material para traçar os caminho do metrô em tempo real, como um raio X do sistema viário.


O próximo desafio foi representar as 35 nações do hemisfério Leste, proposta feita pela Bienal das Américas em Denver. Aceitou o desafio sem saber por onde começar. Resolveu, então, ler sobre o terremoto que havia acontecido recentemente no Chile e o tsunami que mudou as placas tectônicas da Terra, acelerando a rotação do planeta e reduzindo a duração do dia. O resultado foi a ilustração do gráfico que apresenta os dados do terremoto.

O nome desta escultura é "1.26", número de microssegundos em que o dia na Terra foi reduzido. A forma, muito complexa, não poderia ser feita em aço e foi substituída por uma malha fina, constituída por uma fibra 15 vezes mais forte. A escultura passa a ser inteiramente flexível.

Para a escultura " Her Secret is Patience", foram utilizadas 40 luzes de vapor metálico com 20 cores diferentes de lentes de vidro dicroico. A iluminação é programável e muda de acordo com as estações do ano.

Janete Echelman trabalha em conjunto com engenheiros, arquitetos, lighting designers e fabricantes.

 

Fonte: Novo Núcleo